Precisamos Falar Sobre Reprints

Com a breve chegada de mais um Masters set, mais reprints comuns estão chegando para o Pauper. Iconic Masters traz, pelo menos, dois cards que são altamente relevantes para o metagame do formato e que com certeza terão impacto relevante.

Na verdade, Masters set tem, faz bom tempo, dado um belo aumento de power level no Pauper. Afinal, são edições de reprint que não adentram o Standard e, por isso, o desenvolvimento dele não precisa se preocupar tanto com afetar formatos competitivos, podendo focar-se unicamente em como o formato pode funcionar no selado.
Eu não sei até onde o Pauper é levado em consideração na hora de produzir um Masters set, ou sequer se é considerado. A única certeza é que as cartas que são printadas nele sempre impactam o formato: Peregrine Drake trouxe um dos decks mais opressivos que o formato já conheceu, Burning-Tree Emissary e Augur of Bolas são staples atualmente, tal como Battle Screech e Chainer’s Edict (printados como comuns em Vintage Masters, no MOL).

Portanto, os Masters set tem sido uma base essencial para alterar o estado do Pauper, trazer novas possibilidades a ele. Não que os sets tradicionais sejam necessariamente ruins em termos de trazer novos cards: Thraben Inspector foi uma das melhores cartas brancas que o formato já teve, Gearseeker Serpent se tornou uma carta importante do Affinity tal como Firebrand Archer se tornou no Burn e Prosperous Pirates tem um potencial para combo ainda sendo explorado e otimizado. Todos esses cards vieram recentemente em sets tradicionais. Porém, o fato de não precisar ser tão cuidadoso com o power level pode trazer três a quatro cards por edição que podem ver jogo, onde nos sets tradicionais costumam ser somente 1 ou 2 cards por lançamento.

Recentemente, fizemos uma postagem no Facebook perguntando sobre o que os jogadores acreditam que o formato precisa em termos de cards para maior diversidade e/ou para torna-lo mais interessante. Algumas respostas que obtive me deixaram interessado em procurar mais sobre a opinião dos jogadores, o que me levou até o Reddit, onde li um pouco mais sobre cartas que os jogadores acreditam que deveriam adentrar o formato e seus motivos.

Foi então que concluí que o maior problema desse tipo de discussão é que a maioria das vezes os jogadores pensam muito na opinião pessoal e não consideram o que é saudável para o formato como um todo. Cards como Underworld Dreams, Propaganda e Ghost Quarter estão muito acima do power level que o Pauper propõe hoje.

Porém, creio eu, que algumas das cartas sugeridas e ideias por parte da playerbase devem ser debatidas e esse é o tema da coluna de hoje.

 

 SWEEPERS

 

Existe uma quantidade considerável de jogadores que acreditam que o Pauper necessite  de remoções globais melhores. Mas primeiramente, qual é a razão por trás dessa suposta necessidade?

O Pauper é, por essência, um formato baseado em criaturas e em atacar com elas. O combate é a fase mais importante e os melhores decks do formato tentam estabelecer uma quantidade grande de criaturas ou jogar suas próprias criaturas enquanto interage com as criaturas do oponente através de remoções.
Hoje, uma forma muito eficiente de ganhar jogos no Pauper é ter um número de criaturas maiores que seu oponente e utiliza-las para ter uma maior vantagem no jogo. Comumente, Battle Screech aproveita-se disso, fazendo 4 tokens com voar. Normalmente, acompanhadas de um Rally the Peasants ou meios de segurar as criaturas do seu oponente enquanto você bate com elas.
O Pauper recompensa o famoso “go wide”, e não possui meios eficientes de puni-lo, de forma incondicional.

E, se formos considerar a possibilidade de adicionar remoções globais ao formato, quais seriam as opções mais justas?

 

infest

 

Para mim, Infest seria o sweeper ideal.
Atualmente, o preto é a cor mais fraca em termos de remoções devido a sua falta de versatilidade. Ter Infest mudaria um pouco essa natureza pois tornaria dos éditos, que são a forma universal de remoção no formato, melhores. Tendo duas pretas no seu custo significa que seria um card difícil de splashar com facilidade, limitando-o a decks de, no máximo, duas cores. Além disso, diferente de Evincar’s Justice, o dano do Infest não poderia ser prevenido por cards como Prismatic Strands ou protegido por cards com proteção.

 

steam

Steam Blast, por sua vez, seria um Evincar’s Justice vermelho que pode ser jogado um turno antes, mas que carece do Buyback. Me parece uma opção mais equilibrada de sweeper se não fosse pelo fato de ser vermelho, a cor que hoje é predominante em termos de remoções. Além disso, custando apenas uma vermelha, é um card muito mais fácil de se splashar do que Infest.

Em algum momento, Rolling Temblor me pareceu uma opção mais “justa” porém, com a ascensão do Boros Monarch e do UR Delver, Temblor seria extremamente injusto. Esses dois decks teriam acesso a um sweeper que, praticamente, não afetaria em nada suas criaturas.

 

Mas, o Pauper precisa mesmo de um sweeper como esses?
Minha resposta é: Talvez.

Hoje, cards como Shrivel ou Electrickery podem até resolver os problemas relacionados a tokens ou criaturas menores, mas não punem decks que fazem diversos bichos de resistência 2 rápido como o Stompy ou o Boros. Levando por esse lado, eu acredito que o formato precisaria de um desses sweepers.
Por outro lado, a inclusão deles poderia significar a ruína de diversos decks aggros: Tokens ficaria praticamente inviável, Elfos dependeria de 2 Spidersilk armor pra sobreviver. Um sweeper puniria os decks mais agressivos e tornaria de decks control como o Tron e o UB Control mais fortes , já que eles teriam meios de combater o race.

Inclusive, é importante de falar sobre um desses decks.

 

TRON

 

O Stompy tem severos problemas com prevenção de dano e, até certa escala, com ganho de vida.
O Affinity é altamente vulnerável a hate de artefatos. Em especial, Goriilla Shaman
O Delver sofre com Pyroblast, Electrickery e afins.

Dentre todos os fatores que limitam o formato, o único que não é totalmente vulnerável a um hate específico é o Tron. Ao invés disso, você precisa de múltiplas cartas e ângulos para lidar com ele.

As destruições de land presentes no Pauper são ruins contra o Tron porque você está gastando 3 manas para remover uma land da qual ele possui mais delas no deck. Você perde um turno com isso. Virtualmente, você deu um turno extra ao seu oponente pelo custo de uma land. Isso não atrapalha o Tron. Na verdade, mais ajuda do que atrapalha. Jogadores de Tron ficam felizes de você gastar slots com LD quando você poderia estar dando race ao invés disso.

Portanto, a melhor forma de lidar com o Tron hoje, são duas, e variam muito de acordo com a lista:

O primeiro, é hate de cemitério. Se você consegue usa-las no momento certo contra o Tron, você evita que ele consiga utilizar seu Pulse ou Barreira para te lockar no jogo. No caso do Marauder Tron, hate de cemitério é um pouco pior pois ele não precisa do cemitério frequentemente e não se importa de você remover se ele poder comprar mais bichos.

A outra forma que, ao meu ver, é a mais efetiva é destruir as fontes de mana colorida dele já que o deck é muito ganancioso com sua mana e necessita de pelo menos 2 fontes coloridas por turno para jogar decentemente. Hate de artefato nos Prismas é um método efetivo, mas apenas se acompanhado de um race e somente nos primeiros turnos, antes do deck estabilizar.

O Tron é o deck da inevitabilidade, portanto normalmente, não se importa tanto com a quantidade de hate que você der, desde que você não estabeleca um clock. O Tron quer que você demore, ele quer que você gaste seus turnos hateando ele e, muitas vezes, da forma errada. Eventualmente ele vai comprar o suficiente pra ganhar rios de card advantage e fechar o jogo.
Por isso, a estrategia mais eficiente contra o Tron é, justamente, ser o go wide, tentar dar race, jogar vários bichos, tentar ganhar ele no beatdown e no dano antes que ele estabilize e comece a fazer um monte de coisas. Como resposta a isso, o Tron usa Moment’s Peace. Justamente porque ele não precisa se preocupar com o número de bichos, ele só precisa atrasar seu jogo o suficiente para estabilizar.

O Tron não tem um hate card específico, e muitos jogadores falam sobre essa dificuldade em interagir com o deck, mas quais seriam os hates específicos ou eficientes para o Tron?

 

salt

Sowing Salt permite remover todas de uma peça do Tron do jogador, ganhar informação de qual versão do deck ele está jogando e locka, permanentemente, a capacidade dele de fazer muita mana muito cedo, forçando-o a jogar um jogo “justo”. Tendo um custo de 2 vermelhas e sendo custo 4, seria um card difícil de splashar e muito restritivo quanto a que decks iriam usa-lo.
O efeito, apesar de parecer forte demais para o formato, não seria tão amplo ou efetivo devido a baixa gama de decks que usam lands não-basicas em grande quantidade, já que a maioria dos decks usam poucas ou nenhuma não-basica. Além disso, seu custo também permitiria ao Tron tentar possuir uma resposta para ele, não sendo exatamente auto-lose pro deck. Na verdade, muitas vezes, o Tron no turno 4 provavelmente poderia já ter meios de responder ao card ou de segurar o jogo mesmo sem uma de suas peças essenciais.

Entretanto, o reprint de Sowing Salt é improvável devido a sua mecânica ser complexa e específica demais para ser utilizada em slots comuns. E foi daí que me veio em mente outra carta:

 

edge

Ghost Quarter seria absurdamente forte no Pauper, já que é capaz de lockar um oponente de uma certa cor (por exemplo, UR Delver usa somente 2 fontes vermelhas e poderia perde-las completamente). É capaz de hatear as lands artefato contra o Affinity sem drawback, entre outras ocasiões infelizes. E pra piorar, não prejudicaria o Tron já que este costuma rodar, pelo menos, 2 lands básicas. Pelo contrário, o Tron rodaria Ghost Quarter feliz em suas listas para atrapalhar o clock do Affinity e punir a manabases com splash como é o caso do Delver.

 

Portanto, Tectonic Edge parece ser o melhor hate justo e viável contra o Tron no Pauper.
Primeiro, sua habilidade é restritiva, podendo ser utilizada somente quando o oponente possui 4 ou mais lands. Isso significa que decks que rodam numa contagem baixa de lands como o Affinity, ou decks que, apesar de utilizar muitas não-basicas, conseguem jogar com poucas manas como o Boros não seriam de todo afetados. Além disso, daria uma opção de maindeck para que os decks midrange do formato pudessem enfrentar o Tron, seu predador natural, desde que estivessem dispostos a correr riscos com o uso de mana incolor em suas listas.

Obviamente, Tectonic Edge não apresenta uma resposta definitiva para o Tron, mas apresenta uma forma de interagir com o principal plano de jogo dele sem dedicar slots no sideboard a cartas ruins, e sem atrapalhar tanto o clock que você precisa estabelecer.

 

REANIMATE

 

Aparentemente, um desejo constante por parte dos jogadores de Pauper é tornar do Reanimator uma realidade. Afinal, temos as criaturas, temos os meios de leva-las ao cemitério, mas faltam bom meios de reanimar, já que só possuímos Exhume.

 

zombify

Considerando a abundância de mana rápida do Pauper, a escolha mais segura é Zombify. Com um Animate Dead, corre-se o risco de, com a mão certa, conseguir fazer um Ulamog’s Crusher no turno 2 ou 3, o que é difícil ou quase impossível de se responder.

Zombify possui um custo que limita a capacidade de fazer esse tipo de jogada nos primeiros turnos, mesmo acompanhando de formas de acelerar a mana. Além disso, no papel, sempre tivemos Ressurection e o card nunca teve impacto no cenário competitivo. Não acredito que a mudança de cor na mágica tornaria do deck um problema para o metagame.

Particularmente, acho que seria uma boa carta para adicionar ao formato, a fim de dar novos recursos para um deck do qual os jogadores tem tentado fazer funcionar e tornar competitivo a anos.

 

LANDS

 

Por fim, muitas pessoas no post que fizemos no Facebook falaram de duais melhores e trilands. Como me parece ser um consenso geral por parte de grande maioria dos jogadores, o deixei por último.

As Lifelands são, para mim, o melhor tipo de dual que o Pauper poderia ter: Elas vem com a desvantagem de entrar em jogo viradas, mas compensam isso com o fato de ganhar 1 de life. Pode parecer irrelevante, mas ganhe 1 de life repetidas vezes e você verá a enorme diferença que isso faz, principalmente quando se está querendo ir para o mid ou late game. Portanto, eu considero que as Life Lands são as duais ideais pro formato.

O efeito reverso, ou seja, as Pin-Lands seria uma lógica interessante a se aplicar: Você recebe a mana na cor que você quer, mas isso vem no custo de 1 de dano. Entretanto, isso nunca as impediu de jogar em nenhum formato e seu efeito de mana fixing provavelmente sempre compensaria a questão de tomar 1 de dano toda vez que precisar. Lands duais que entram em pé são um power level totalmente diferente e, portanto, não acredito que devem ser permitidas no Pauper.

Acredito que duais no Pauper devem existir com o propósito de ajudar a consertar a mana e permitir que você jogue cards poderosos de varias cores, sob o custo de atrasar um turno para tal.

 

Então, vamos ás Tri-Lands.

 

As Tri-lands são um ciclo de terrenos que entram virados e geram manas de 3 cores. Assim como as lifelands, elas vem com uma desvantagem e uma compensação: A desvantagem é que entram em jogo viradas, enquanto compensam isso por adicionarem qualquer mana dentre uma combinação de 3.
Particularmente, considero uma troca justa e cujo efeitos não seriam impactantes de forma negativa, já que habilitariam fazer decks de 3 cores sem, obrigatoriamente, precisar usar uma enorme quantidade de life lands, mana fixer, ou precisar ter uma manabase ruim. O Tron consegue ter uma base de mana de 5 cores, o Kuldotha pode ser em qualquer combinação de cores, mas esses decks conseguem fazer isso devido ao uso de Prophetic Prism e Shimmering Grotto. Ter lands que te habilitam a utilizar uma combinação específica de cores sem precisar dedicar slots a mana fixing abriria portas para novas possibilidades multicoloridas dentro do formato.

Dentre todas as propostas que li foi, sem dúvidas, a mais segura e a que mais adicionaria algo novo ao formato.

 

Com isso, terminamos nossa analise sobre a questão de reprints e como eles seriam necessários, ou não, para o nosso formato favorito.
Por fim, eu gostaria de ressaltar que, acredito eu, que o formato esteja numa época estável e que Iconic Masters irá trazer uma nova dinâmica a ele.

Claro, é chato as vezes você perder porque o oponente fez duas Burning-Tree Emissary acompanhas de outra criatura, mas isso é parte do jogo e, por mais que eu acredite que medidas para que esse tipo de jogada entre outras não sejam tão punitivas podem e deveriam vir, creio que o melhor a considerarmos quando pensamos em reprints é a questão de como esses cards adicionariam ao formato, ao invés de cedermos a vontades ou opiniões pessoais.

Vale ressaltar que tudo sobre esse artigo é altamente especulativo e baseado em possibilidades. Devemos encarar o formato como ele é hoje, adaptar-se e jogarmos da melhor maneira possível com a extensa cardpool que temos no formato e, de acordo com como sair novos cards para o Pauper, analisarmos e testarmos para concluirmos o quanto poderão impactar no metagame.

 

No próximo artigo, estarei fazendo um review de Iconic Masters com algumas decklists utilizando os novos cards.

Até lá! 🙂

Humberto Romeu

7 respostas para “Precisamos Falar Sobre Reprints”

    1. 1 – O Preto é a cor de remoção mais fraca atualmente na questão de que falta versatilidade, pois tem sido difícil trocar 1 por 1 com os oponentes sem ficar em desvantagem e ter a opção de transformar seu removal num clock é importante no metagame atual.
      As remoções pretas trocam essa versatilidade no uso pela versatilidade em opções tendo éditos, remoções que, de fato, destroem, efeitos de redução e por aí vai. São melhores quando o formato está mais devagar e/ou quando o formato está mais focado em combo.

      Essa questão de remoções pretas ou vermelhas serem melhores é um pêndulo constante no Pauper e depende sempre do atual estado do metagame.

      2 – Você tem razão, o card que eu quis dizer é False Defeat, que é comum em Portal

      https://magiccards.info/p3k/en/4.html

      Obrigado !

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  1. Fala ae humberto, aqui eh o ari… Parabéns pelo artigo, gostei mto, tb concordo q as tri lands seriam interessantes… De resto eu acho legal especular de forma consciente sobre novos cards no formato, mas estar ciente q o pauper ja eh ótimo. Compartilho a opinião do alex ullman :

    To me this is what Pauper should be and it always frustrates me to see those who play the format obsess over what the format lacks. To be great Pauper does not need better mana or better sweepers. It does not need better removal spells or Planeswalkers. What Pauper needs to be great is simple: more players. Pauper needs more eyes and minds working to explore the format. Pauper needs more content creators to show off the format at a high level. Pauper can be so much more if it just had more

    Espero q continue escrevendo mais artigos desse tipo. Vou continuar acompanhando, abç \o/

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    1. Só me resta concordar com o Ullman a respeito de que uma maior playerbase poderia ser a solução definitiva para o Pauper. Ter jogadores, inclusive de nível profissional, interessados no formato com certeza o ajudaria muito em questões de deckbuilding.

      Entretanto, como alguém que tende a explorar o formato o máximo que posso, ao invés de me focar unicamente em metagaming, eu acredito que que o formato precisa sempre da entrada de novos cards para ampliar sua diversidade e abrir novas possibilidades. Sejam eles cards para solucionar os problemas atuais do formato ou não

      Curtido por 1 pessoa

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